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NASCER NUM BERÇO…por Luísa Lobão Moniz

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Nascer num berço com rendas, nascer num berço com uma manta, nascer sem berço faz toda a diferença, apesar de todas as crianças crescerem da mesma maneira.

Todas elas gostam do colinho da mãe seja ela toxicodependente, seropositiva, empregada, professora ou seja ela o que for.

Quantas crianças não vi correr para a mãe alcoolizada, para a mãe maltratante, para a mãe que grita e insulta vizinhos e auxiliares das escolas…

Quantos vizinhos e familiares não vi ajudar mães que não sabem amar os seus filhos!

Será possível retirar estas crianças, à força, a mães sem estas terem conhecimento ou dado o seu consentimento?

Estas mães foram também vítimas de uma sociedade que empurra para fora aqueles que são pobres e que se tornam toxicodependentes, empurra estas mulheres para a ignorância social, não sabem a quem pedir ajuda, muitas vezes têm vergonha, mas sempre o amor de mãe as fez querer equilibrar as suas vidas e mostrar que são capazes.

Neste caso tão mediático revelado pela TVi muita instituição falhou, muita gente falhou.

Mães que viviam na outra margem da vida foram castigadas com o alegado roubo feito por bispos de uma igreja universal.

Esta igreja defende que não se deve ter filhos porque este mundo é o inferno e que eles, os bispos e suas famílias, iam salvar as crianças que frequentavam algumas das suas creches, ao que consta ilegais.

Os bispos eram obrigados a fazer vasectomias. Os bispos queriam ter filhos. Nada melhor do que escolher, por um catálogo de fotografias, os meninos e as meninas mais bonitos ou mais bonitas.

Estes “benfeitores” falsificavam cédulas, b.I. para poderem ficar com as crianças. Muitas vezes chegavam a maltratá-las e a devolvê-las às creches…tudo sem as mães verdadeiras saberem.

Passados 20 anos souberam a verdade sobre o paradeiro dos seus filhos!

Já não têm lágrimas, já não pedem que os filhos queiram viver com elas, apenas querem que os filhos saibam que nunca foram abandonados, mas sim roubados…

Há maneira de aliviar esta dor que carregam no corpo e na alma?

Há maneira de explicar todo este processo aos filhos? Quererão saber quem eram as suas mães biológicas?

Seja qual for a maneira esta vai despoletar um sofrimento sem fim.

O que se pode fazer?

O que esperam os advogados para protegerem estas mães e pais, pro bono?

Onde estão as organizações defensoras dos Direitos Humanos?

Onde está o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos?

Acredito que tudo isto seja verdade, mas poderá não ser “tão assim”.

Todos nós temos o direito de saber o que na realidade se passou.

Todos nós temos que exigir uma fiscalização mais assídua às instituições vocacionadas para as crianças, acompanhando também a família com a finalidade de reforçar os laços de vinculação.

“Queira ou não queira o papão

hás-de um dia cantar esta canção”    Zeca Afonso

 

Para todas estas mães, pais, raparigas e rapazes que passaram, em termos afectivos e emocionais o inimaginável, desejo que um grupo de advogados se organize para, com todo o respeito pelo ser humano, poder devolver a dignidade esquecida.


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