O MUNDO CONTINUA SILENCIOSO por Luísa Lobão Moniz

“Eu não adopto este silêncio” foi publicitado por todo o lado, por homens e mulheres.

Gentes vestiram-se de preto.

Mulheres trabalhadoras em escritórios, super mercados, limpezas, fábricas adoptam este silêncio e muitos mais. O que fizemos desde o primeiro vestido preto?

As violações continuam e as caras das mulheres adoptam uma expressão de revolta e de passividade. O patrão não sabe de nada e se souber encolhe os ombros e muitas empregadas ficam satisfeitas porque não foram despedidas nem humilhadas em público.

Não haveria papel nem tinta para escrever o nome de todas aquelas que choraram baixinho, que andaram cabisbaixas porque a violação colou-se-lhes à pele, quando se vêem ao espelho vêm-se a elas e aos violadores, sentem a dor da brutalidade.

Ninguém fica indiferente a estes testemunhos, todos falam de casos de violação, mas …o que fazemos? Há como que um silêncio adoptado por todos, até mesmo pelas mulheres.

As opiniões dividem-se entre “ela pôs-se a jeito”, ele não estava nele, estava bêbado…

Qual é a legislação contra “a violação”?

Na realidade porque é que os homens novos, velhos, ricos, pobres violam as mulheres, para já não falar na violação de crianças.

A violação é o não cumprimento da aplicação dos Direitos Humanos reconhecidos por todos cidadãos.

Mas o poder corrompe, não só com dinheiros e posições sociais, mas também com o poder que os homens sentem que têm sobre as mulheres (não esquecendo também as crianças).E quando damos por isso são vários os Direitos que não são cumpridos ao mesmo tempo: guerra, humilhação, violação, privação dos Direitos Humanos.

Como se pode aguentar estas não vidas que morrem sem conhecer um carinho!

Como podemos todos aguentar que ao mesmo tempo que dormimos nas nossas camas quentinhas há homens que correm rompendo nuvens de pó com crianças ensanguentadas ao colo. A música de fundo são os bombardeamentos, os gritos das pessoas e das crianças feridas.

Afinal qual é o silêncio que não optamos?

O mundo continua silencioso…